30 novembro 2005

É o Inverno...

Quis falar contigo.
Olháste-me com a expressão de que vou fazer algo que não gostas.
Mas eu precisava de te falar... de ouvir uma qualquer razão ou desculpa ou mesmo uma acusação, mas que ao menos falássemos sobre o assunto que me tem corroído a alma e a razão...
...E só preciso de o fazer porque o diálogo é uma manhã de primavera. O cheiro de todas aquelas plantas e o chilrear dos pássaros despertando-nos com prazer natural e simples... e olhar pra ti a meu lado, ver-te bocejar do sono profundo, espreguiçares-te e ouvir-te dizer "Bom dia amor...".
Mas não...
Então, comecei por te afagar a mão, passá-la no teu rosto e disse;
- Amor...precisamos de falar, preciso de falar contigo sobre...
Mudáste de assunto tão naturalmente que quase nem dei conta. Já não insisti.

Fiquei vazio de mim. De ti. E o silêncio subiu ao trono. O silêncio da intimidade apenas.
Uma intimidade só.

Aquela dor de te ver todos os dias, e não te ter, tinha desaparecido.
No dia seguinte, ao sair da nossa cama, o chão estava bastante frio. Abri as portadas da janela do nosso quarto, e olhei o dia. Um dia de Inverno, intenso como a chuva que caía, cinzento escuro. Acordás-te com a pouca luz que invadiu aquele espaço. Perguntás-te como estava o tempo. Respondi que estava um lindo dia de Inverno, típico da estação do ano. Mas que á tarde o sol iria aparecer, de certeza...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

lindo!!!

27 setembro, 2006 18:55  

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