30 agosto 2005

Tudo menos

Estas férias de verão estão a acabar.

Estás deitada, dormindo em cima desses sonhos que teimas em largar,
conduzindo-os onde só tu os podes levar.

Por isso dormes mais um pouco; gostas dessa liberdade de pensamento onde fazes o que queres, conduzindo-te sem regras pelo teu sonho. São assim os sonhos. Livres.
Por isso não entendo que acordes tantas vezes assim, com esse mau ar, aborrecida, chateada. Não foi só um sonho? Ou foi a realidade, que ao abrires o olhos te dominou?
É que estou a ficar distante. Sinto uma distância ligeiramente maior a cada dia que passa. Por vezes ainda sinto aquele amor... e volto a 1996! Penso que se não damos a devida atenção ao que nos está a acontecer, é porque sabemos bem o que nos está a acontecer. Então para quê a preocupação? Nem há a necessidade de diálogo! Agora já não é preciso... Talvez a razão esteja contigo quando deixas-te de ter conversas íntimas comigo, que já eram muito raras, embora nunca venha a saber que razão é essa. Já não estou interessado.

O nosso filho é um grande amor, fruto do nosso. Também o adoro, amo-o. Tem lugar fixo no meu coração, mas não ocupou o teu lugar. Sabes bem que o meu egoismo não chega aí. Lembro-me do parto como se fosse hoje.
Lembro-me daquela bruta enfermeira que te magoava, em que pedi ao médico para eu a substituir, ao que ele acedeu prontamente, o que me permitiu não só acompanhar o nascimento do nosso filho, como ajudá-lo a nascer. Das anedotas que contei nos intervalos das contracções, dos médicos que iam aparecendo, atraídos pelas gargalhadas. E quando cortei o cordão umbilical, peguei nele e o coloquei nos teu braços... lembras-te do que te disse?

A nossa "viagem" a dois tem tido alguns percalços, mas sempre te chamei a atenção naquelas alturas em que a água entrava neste nosso barco, quando não estavas a olhar. Sabes bem que sou uma pessoa activa e atenta. Nunca tivemos que nos preocupar com intromissões externas á nossa sólida relação. Era já um espaço preenchido.... por ti.

Mas a ausência de carinho,
de afecto,
deixou-me triste, sozinho
Numa casa sem tecto.


Gosto de ti, ainda quero estar contigo, mas há esta massa enorme de fumo espesso no ar, que me sufoca e tolda a visão e se liberta desta fogueira mal apagada, a da nossa paixão...

Não acredito no silêncio. Não aprovo que não fales comigo dos nossos sentimentos, bons e maus. Tenho uma saudade enorme de me entregar ao amor, ao sentimento, a ti.... Sabes, existe uma pequena fronteira entre a saudade e a recordação....

Amo-te, isso eu sei.
Mas o meu amor é grande e ainda tenho muito para dar... a quem o souber receber.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Talvez o que escreveste seja, ou demasiado íntimo ou uma ficção demasiado real, não sei. Mas pareceu-me um retrato de tantos casais, que não pude deixar de ler e sentir cada palavra.

15 setembro, 2005 16:44  

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