20 outubro 2006

Uma pequena brecha

Rompeu-se.
O meu coração deu de si. Ficou com uma pequena abertura...
Eu já tinha sentido algo nos dias anteriores em diferentes situações e que me chamou a atenção de que algo estava a acontecer. É a vulnerabilidade que se aproxima de mim, sinto-a...
O meu coração abriu-se. É uma pequena brecha, mas meu deus, eu sei o que significa.

As ruas estão molhadas pelas chuvadas que se têm feito sentir no corpo, o vento sopra sem aviso com rajadas de provocar a ira de quem tem os mais fracos guarda-chuvas que se dobram e se partem, e as pessoas vergam-se perante o cinzento espírito do Inverno.
Saí para a rua varrida pelo mau tempo. Quando passei a porta, abri rapidamente o meu novo guarda-chuva que se dobrou imediatamente com a rajada de vento e grosso pingo que me deixou as calças quase completamente molhadas. Fui apressadamente para a paragem do autocarro para saber que já tinha passado.
Dirigi-me a outra paragem, esta sem cobertura, o que me permitiu molhar o resto da roupa.

Olhei á minha volta. As pessoas aparentam muito mais tristeza e melancolia nestes dias, que noutros. E queixam-se, e reclamam, muitas vezes também em silêncio pois suas expressões revelam um diálogo já há muito esquecido.

De súbito olhei para mim. Não foi só o espanto e a surpresa que senti; foi uma forte emoção que me abalou ao ver-me assim com um rasgo de orelha a orelha carimbado na minha cara. Eu estava maravilhado! Mas, porquê? Como é que eu podia saber? O que é que está a acontecer para eu me sentir assim? Como, se eu ainda há umas semanas atrás ao acordar de manhã, sentia que erguia os restos do que tenho sido, e ao chegar da noite, prostrado na cama, partilhava com a minha almofada lágimas de tristeza e revolta?

A emoção é mais forte e mais rápida do que o pensamento.
É com o coração que vemos claramente; o que é essencial é invisivel aos nossos olhos.
Só pode ser isso...
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